segunda-feira, 2 de junho de 2014

Clima frio pede mais atenção à respiração do bebê cardiopata

Clima frio pede mais atenção à respiração do bebê cardiopata

O vírus sincicial respiratório (VSR), que geralmente causa apenas resfriado em adultos, é extremamente perigoso para prematuros ou recém-nascidos com problemas congênitos

O nome complicado esconde um organismo comum, porém extremamente perigoso a um determinado grupo de risco. O vírus sincicial respiratório (VSR) é relativamente recente, surgiu na década de 1950 e circula especialmente nos meses mais frios do ano – entre março e setembro aproximadamente –, período em que são normais as infecções respiratórias.
Com a queda da temperatura nos últimos dias é bem provável que muitas pessoas tenham sido infectadas pelo VSR, porém, provavelmente nem perceberam, pois em adultos o vírus se manifesta como um simples resfriado. “É uma infecção relativamente frequente, mas as pessoas imunocompetentes [capazes de responder imunologicamente à exposição de antígeno] e sem problemas de saúde passam por ela sem sofrer nada”, explica o imunologista Arilson Morimoto.

Gilberto Abelha/JL
Gilberto Abelha/JL / Manuela, entre os pais, tem de tomar uma dose do medicamento até que complete 2 anos de idadeAmpliar imagem
Manuela, entre os pais, tem de tomar uma dose do medicamento até que complete 2 anos de idade
Mas se o vírus é praticamente ignorado entre adultos saudáveis, o mesmo não pode ocorrer entre bebês. É que o VSR é o principal causador de infecções em recém-nascidos, segundo o pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Renato Kfouri. Bronquiolite, bronquite e pneumonia são as principais doenças ocasionadas pelo vírus. A atenção deve ser redobrada em crianças com doenças congênitas pulmonares, doenças cardíacas e prematuros, nascidos entre 29 e 32 semanas. Caso sejam infectados pelo vírus, há grandes chances de ocorrer complicações que podem levá-las a um tempo maior de internamento ou permanência em UTIs, podendo provocar até mesmo a morte da criança. Para que isso não aconteça, esse grupo é indicado para receber a medicação preventiva ao VSR, a palivizumabe.

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No caso de Manuela, de quase quatro meses, o que a levou à necessidade de prevenção foi a cardiopatia, diagnosticada desde o útero da mãe. “Com cerca de 25 semanas descobrimos”, conta o pai, o cardiologista Ivo Alberto Nóbrega Silva, 31. Ele não conhecia os perigos do vírus sincicial respiratório aos bebês. Logo, não tinha ideia de que a filha necessitaria de uma medida preventiva contra o VSR. “Por ser mais perigoso em bebês, é pouco conhecido.”
O pai diz que Manuela tem de tomar uma dose do medicamento por mês, durante os meses em que o vírus circula, até que complete 2 anos de idade, quando não será mais necessária a prevenção. Em cada lugar do Brasil há um período ideal para a aplicação do medicamento, de acordo com o período em que o frio atinge a localidade. A primeira dose Manuela tomou em abril, e seguirá mensalmente até setembro. Ela depende de uma cirurgia para corrigir a cardiopatia que, segundo o pai, será feita em breve.
Prevenção primária
A aplicação do medicamento palivizumabe é indicada para esse grupo de risco, porém não devem ser esquecidos os cuidados simples para evitar infecção por vírus que circulam no ar. Os especialistas lembram que as mãos devem ser sempre bem lavadas e deve ser evitado o contato com pessoas infectadas, não deixando que toquem os bebês. Também o ambiente deve estar sempre arejado, o que favorece a proteção contra o VSR e outros vírus típicos desta época do ano.
Renato Kfouri lembra que não há tratamento específico contra vírus respiratório. Caso os bebês adoeçam, medidas como oxigenação, hidratação e internação precisam ser tomadas de imediato.
“A medicação é imprescindível”
Assim como o bebê do cardiologista Ivo Alberto Nóbrega Silva, a filha da administradora de empresas Adriana Euzébio de Aquino, 33, também tem uma cardiopatia congênita e está no grupo de risco do vírus sincicial respiratório. Maria Vitória, de quatro meses, tomou a primeira dose do medicamento pavilizumabe no mês passado e deve receber a próxima agora.
A administradora desconhecia o VSR e diz que só descobriu a necessidade da prevenção por meio da ONG Pequenos Corações, que começou a frequentar por causa da condição da filha. “No site, em março, vi a informação sobre a prevenção e o modo de conseguir [o medicamento]”, conta.
Adriana Aquino afirma que a medicação é imprescindível, porém lembra também que os cuidados primários não podem ser esquecidos. “Ela [pavilizumabe] protege. Mas ainda precisamos nos lembrar de não ficar em lugares aglomerados, fechados, principalmente agora no frio. Também porque são bebês e têm sua imunidade em formação”, alerta.
Maria Vitória teve o problema cardíaco detectado com 25 semanas em um ecocardiograma. Já passou por uma cirurgia e deve se submeter a uma segunda intervenção. Segundo a mãe, ter descoberto a cardiopatia na gestação fez a diferença. “Se estou com minha filha hoje, é porque foi detectado antes”, diz, aliviada. (R.S.)do JL/Jornal de Londrina
Serviço:
Infectologista Arilson Morimoto – (43) 3324-8744
Sociedade Brasileira de Imunização: (11) 3255-9659 / www.sbim.org.br