Exercícios mentais são armas contra a doença de Alzheimer
Exercícios mentais são armas contra a doença de Alzheimer
A pedagoga Elimara Nascimento sabe que a habilidade que tem de gravar nomes é um excelente exercício mental
Às 6h45, a pedagoga Elimara Nascimento já está a postos na entrada do
colégio Pontual, no centro de Londrina. Chamando pelo nome e sobrenome,
ela recebe cada um dos cerca de 400 alunos. “Alguns, eu sei até o número
de chamada, que nem eles mesmos se lembram.” Não é o caso de Elimara,
que nem sequer tem histórico na família, mas tentar guardar nomes e
números é um bom exercício para retardar o Alzheimer. A doença afeta
funções cerebrais, causando, entre outros transtornos, a perda da
memória.
Setembro é o mês de alerta para a doença de Alzheimer, e o dia 21
(ontem), a data oficial em que se deflagram campanhas em todos os países
para promover a sensibilização da população e desafiar os estigmas que
cercam o problema.
Ainda sem preocupação direta com o Alzheimer, mas ciente de que faz
naturalmente um excelente exercício mental, Elimara diz não se esforçar
para gravar os nomes, assim como não fazia para decorar os muitos
números de telefones que utilizava no emprego anterior. Hoje,
orientadora educacional no Colégio Pontual, o contato dela com os alunos
é só fora da sala de aula. “Meu contato com eles é na entrada e nos
intervalos, mas esse convívio já é suficiente para eu aprender os
nomes”, conta.
Nessa relação cotidiana, os alunos homônimos elevaram o nível de
memorização para o cérebro da orientadora. “Aqui tem muito Gabriel.
Então, comecei a guardar os sobrenomes deles.” Essa habilidade chama a
atenção de alunos, pais e funcionários, que, aliás, também são tratados
pelo nome. “Até o meio do ano, eu só sei os nomes de metade dos alunos.
Normalmente daqueles que se destacam por algum motivo: os baderneiros e
aqueles que tiram notas boas”, conta a professora Leonora Arantes.
O potencial da memória de Elimara também chamou a atenção do
neurologista Luis Sidonio Teixeira da Silva. “É invejável”, confirma.
Segundo ele, não se pode afirmar que esse tipo de exercício previna
contra a ocorrência do Alzheimer, mas é sempre bem-vindo. “Não existe
prevenção específica, mas recomendamos que as pessoas não aposentem o
cérebro”, explicou.
Sensibilização
O Alzheimer acomete mais de 35 milhões pessoas em todo o mundo e vem
crescendo na mesma medida em que aumenta a população acima dos 65 anos.
Segundo dados da Mayo Clinic, instituição que pesquisa doenças e
medicamentos na Flórida (EUA), a cada 68 segundos, alguém desenvolve
Alzheimer. Se mantidas as taxas atuais, os especialistas acreditam que o
número de pacientes deve quadruplicar até 2050.
“Estudar, aprender diferentes idiomas, fazer palavra cruzada, assistir a
filmes, ler livros são atividades simples que mantêm o cérebro ativo.
Se não tiver uma atividade profissional, se envolver com atividades
sociais também ajuda”, sugere o neurologista Luiz Sidonio.
Além disso, fatores que previnem derrames cerebrais também são indicados
contra o Alzheimer. Manter o peso, cuidar da pressão e do diabetes, não
fumar e ingerir álcool com moderação estão entre os conselhos do
especialista.
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