Arco Norte vai para a gaveta
Fontes do governo do Estado e da Prefeitura apontaram que projeto não atraiu investidores e de que não há demanda o suficiente
Por conta da dificuldade em encontrar empresas dispostas a investir, a Agência dos Estados Unidos para o Comércio e Desenvolvimento (USTDA) desistiu da criação do Arco Norte em Londrina. A instalação da infraestrutura, um centro de logística com aeroporto, nas proximidades do Parque Estadual Mata dos Godoy, contribuiria para o escoamento de diversos produtos, viabilizando também a instalação de grandes indústrias na região.
Segundo fontes do governo do Estado ouvidas pelo JL, as empresas que poderiam formar o Arco Norte “nunca demonstraram interesse efetivo”. Um dos fatores para essa resistência teria sido a classificação do negócio como arriscado, sem garantias de retorno. Na Prefeitura, a informação é de que o projeto seria inviável economicamente, porque não haveria demanda o suficiente.
Roberto Custódio/JL
Em protesto, ambientalistas escreveram no solo onde o aeroporto de cargas seria instalado: “Protected Area” e "7K acres of forest"
Projeto foi marcado por polêmicas
A ideia do projeto Arco Norte é implantar uma infraestrutura para escoar a produção da região. Com isso, os idealizadores esperam também atrair indústrias, por conta das facilidades. Houve, porém, polêmicas.
De acordo com Cláudio Tedeschi, do Fórum Desenvolve Londrina e um dos idealizadores do projeto, a “âncora” é um aeroporto de cargas, que seria construído perto do Parque Estadual Mata dos Godoy, na zona sul. A localização é considerada estratégica, por acesso facilitado a Arapongas e Apucarana.
A polêmica da instalação do aeroporto perto de uma área de preservação ambiental gerou protestos de ambientalistas, mas não foi isso que emperrou o projeto, de acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seil). No início do ano passado, os manifestantes escreveram no solo do local: “Protected Area” (Área Protegida) e "7K acres of forest"(abreviação referente aos quase 2,5 mil hectares formado por quatro grandes florestas na área).
O aeroporto de cargas, somado a melhorias em estradas da região, seria o atrativo que facilitaria o escoamento da produção. Isto porque, segundo avaliam os empresários, a infraestrutura atual é ruim.
“As rodovias não têm pista dupla e a ferrovia não é de alta velocidade. Um aeroporto que suprisse o transporte de cargas nos colocaria num cenário logístico de maior atratividade”, analisou o consultor de negócios Marcelo Mafra.
Ele defendeu que, apesar da desistência dos norte-americanos em investir no projeto, não se pode perder de vista a perspectiva de “um plano de desenvolvimento regional”. “Essa discussão não pode ser esvaziada, precisamos ter outra proposta e buscar outra âncora que viabilize isso.”
O consultor disse ainda que uma rodovia que aproxime toda a região pode funcionar como nova “âncora”. “Os municípios ainda não se comunicam.”
Na opinião de Tedeschi, faltam “marcos regulatórios” para viabilizar o Arco Norte. “Depende do governo federal com o Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente] e da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]. Depende do governo do Estado, que tem várias rodovias que vão até o local.”
O Arco Norte, para Tedeschi, será viabilizado se for “transformado num produto”. “O primeiro passo seria fazer um estudo baseado em quais regulamentações, quais marcos regulatórios estariam definidos para saber o que realmente caberia no projeto.” Só depois disso poderia ser feito um estudo de viabilidade. (F.S.)do JL-Jornal de Londrina
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Oficialmente, tanto o governo do Estado quanto a Prefeitura não se manifestaram sobre o assunto. Procurado pelo JL, o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) não quis comentar o assunto. A Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Seil) informou que aguarda uma resposta oficial da USTDA.
Esta última acrescentou que o governo estadual trabalha para, “dentro do possível, viabilizar o projeto de ampliação do Aeroporto de Londrina de forma que atenda a uma área de carga”, como alternativa. O JL procurou o escritório da USTDA no Brasil, mas não conseguiu contato.
As entidades empresariais que tentaram articular a criação do Arco Norte ainda não receberam uma resposta oficial, seja do Estado, do Município ou da USTDA. Há uma leitura dos dois primeiros de que o silêncio dos norte-americanos é um sinal de desinteresse no investimento. “É uma novidade [a desistência], não fui informado”, declarou o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Moacir Sgarione.
Cláudio Tedeschi, que presidiu o Fórum Desenvolve Londrina, afirmou que “não tem como saber se existe viabilidade, a não ser que se faça o estudo”. Segundo ele, uma empresa norte-americana que poderia fazer esse levantamento desistiu. “Ninguém vai investir num negócio de bilhões com base no achômetro.”
Tedeschi defendeu que o governo do Estado assuma a realização do estudo de viabilidade, já que o projeto envolveria diversos municípios.
“É evidente que essa ausência de resposta [por parte da USTDA] significa falta de interesse”, afirmou o consultor de negócios Marcelo Mafra.